sábado, 12 de abril de 2008

Invictus

Não conheço a poesia de William Ernest Henley. Somente os dois últimos versos deste poema, citados por Liz Greene em um de seus livros. Segundo ela, todo Escorpiniano deveria dizer a si mesmo essas palavras. Outro dia revi estas linhas e resolvi utilizar as facilidades da Internet para conhecer o poema inteiro. Trata-se de um poema famoso e bastante citado, como eu já imaginava.

Henley, poeta inglês nascido em 1849, teve uma vida difícil. Tuberculoso desde os 12 anos, teve a perna esquerda amputada aos 16, por causa da doença. Trabalhou para sustentar a mãe e os irmãos após a morte de seu pai e perdeu sua única filha, de 6 anos, vítima de meningite. O poema foi escrito no hospital.

Invictus


Out of the night that covers me,
Black as the Pit from pole to pole,
I thank whatever gods may be
For my unconquerable soul.

In the fell clutch of circumstance
I have not winced nor cried aloud.
Under the bludgeonings of chance
My head is bloody, but unbowed.

Beyond this place of wrath and tears
Looms but the Horror of the shade,
And yet the menace of the years
Finds, and shall find, me unafraid.

It matters not how strait the gate,
How charged with punishments the scroll,
I am the master of my fate:
I am the captain of my soul.


Da noite que me cobre,
Negra como um poço de alto abaixo,
Agradeço quaisquer deuses que existam
Pela minha alma inconquistável.

Na garra cruel da circunstância
Eu não recuei nem gritei.
Sob os golpes do acaso
Minha cabeça está sangrenta, mas erecta.

Além deste lugar de fúria e lágrimas
Só o eminente horror matizado,
E contudo a ameaça dos anos
Encontra e encontrar-me-á, sem temor.

Não importa a estreiteza do portão, ¹
Quão cheio de castigos o pergaminho, ²
Sou o dono do meu destino:
Sou o capitão da minha alma. ³

(Trad. de Luís Eusébio)

E, como a tradução que o acompanhava foi feita em verso livre, procurei por outra versão. Encontrei esta aqui:

Do fundo desta noite que persiste
A me envolver em breu - eterno e espesso,
A qualquer deus - se algum acaso existe,
Por mi’alma insubjugável agradeço.

Nas garras do destino e seus estragos,
Sob os golpes que o acaso atira e acerta,
Nunca me lamentei - e ainda trago
Minha cabeça - embora em sangue - ereta.

Além deste oceano de lamúria,
Somente o Horror das trevas se divisa;
Porém o tempo, a consumir-se em fúria,
Não me amedronta, nem me martiriza.

Por ser estreita a senda - eu não declino,
Nem por pesada a mão que o mundo espalma;
Eu sou dono e senhor de meu destino;
Eu sou o comandante de minha alma.

Copyright © André C S Masini, 2000
Todos os direitos reservados. Tradução publicada originalmente
no livro "Pequena Coletânea de Poesias de Língua Inglesa.

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