segunda-feira, 21 de abril de 2008

Different

Eu assisti "Pufnstuf - A Flauta Encantada" no cinema, na sessão infantil de domingo do Cine Pedutti. Depois disso, assistimos várias vezes, eu e minha irmã, sempre que passava na TV. O filme era dublado, as músicas não. Eu não entendia nada das letras, mas adorava a trilha sonora. Mais tarde, já em Porto Alegre, pudemos revê-lo, pois fazia parte da programação da TV2 Guaíba. Meu inglês já dava pra entender alguma coisa e essa canção me parecia ser algo como "a canção do patinho feio", pois falava em ser diferente, ser sozinho, mas que depois você encontraria outros como você. Parecia lógico, em se tratando de um filme para crianças.

Acordei nesta segunda com a música na cabeça e fui atrás dela no YouTube. Dei-me conta de que meu inglês me permitiu entender toda a letra, pela primeira vez realmente! Ainda acho que tem muito de patinho feio nela. Contudo, tendo sido composta no auge dos movimentos de contracultura nascidos nos anos 60, um pouco daquelas (muitas) reivindicações de cunho social com certeza estavam passando na cabeça do letrista. É possível ouvir os ecos de "lute por suas idéias, mesmo que seja difícil" ou "juntos somos muito mais que dois". Quase todo filme dos anos 60 e início de 70 menciona com maior ou menor ênfase o movimento hippie e este filme não é exceção. Mas como (sabiamente) a letra da canção não se prende a nada de específico, não perdeu sua atualidade, sua universalidade e pode ser entendida de muitas maneiras.

Tanto que, ouvindo hoje, eu pensei mesmo foi na busca pelo auto-conhecimento, no nosso amadurecimento emocional e social. Porque o processo de se tornar um indivíduo único, completo - que Jung chamou de individuação - é um processo interno, portanto, solitário; além disso, requer que sejamos honestos com relação aos nossos defeitos, que saibamos reconhecer nossas qualidades, e também que possamos abrir mão de tudo que está obsoleto em nossa vida - idéias, atitudes, etc. - e isto é mesmo muito doloroso e difícil! Mas é isso que nos torna especiais, é nisto que está nossa beleza e por isto vale a pena! E, se prestarmos atenção, veremos que não estamos sozinhos, pois há muita gente empenhada nessa mesma busca, de construir sua auto-estima, de descobrir o porquê de estarmos aqui neste planeta e qual é o nosso papel - e de ser feliz! (E, afinal, não era esta mesmo a história do patinho feio?)

Mas vou deixar de blábláblá e colocar o texto (o que entendi dele) e deixar vocês curtirem a voz da Mama Cass.


When I was smaller and people were taller,
I realized that I was different
I had a power that set me apart!
I learned to take it, to use it, to make it
It's not so bad to be different
To do your own thing and do it with heart

Different is hard, different is lonely
Different is trouble for you only
Different is heartache, different is pain
But I'd rather be different than be the same!

At first I wondered what hecks I was under
What did I do to be so different?
Then I discovered some others like me
Wonder no longer, together we're stronger
It's not so bad to be different
Be true to yourself, that's what you must be!

Quando era pequena e as pessoas eram grandes
Percebi que era diferente
Eu tinha um poder que me separava dos outros
Aprendi a aceitá-lo e a usá-lo com sucesso
Não é tão ruim ser diferente,
Fazer as minhas coisas e fazê-las de coração

Ser diferente é difícil, ser diferente é solitário,
Ser diferente é ter problemas só nossos
Ser diferente é triste, ser diferente é doloroso
Mas eu prefiro ser diferente a ser igual a todo mundo!

No começo me perguntei que maldição seria essa
O que foi que eu fiz pra ser tão diferente?
Então descobri outros como eu
Não preciso mais perguntar, juntos somos mais fortes
Não é tão ruim ser diferente
Seja verdadeiro consigo mesmo, é assim que você tem que ser





P.S. Norman Gimbel, o letrista, formou parceria com Tom Jobim, Marcos Valle, Baden Powell, e foi o autor das versões para o inglês de "Garota de Ipanema" "Insensatez", "Meditação", "Água de Beber", entre outras.

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