domingo, 25 de abril de 2010

Arvo Pärt e Configuration Dance Theatre

Entrei no blog do meu amigo Jerri e assisti ao vídeo de dança moderna que ele havia colocado em sua postagem. Lindíssima coreografia de Michael Shannon, ao som de Bach, para a companhia "Configuration Dance Theatre". Procurando por outras, achei esta aqui, também muito bonita, com música de Arvo Pärt, mas por um coreógrafo diferente, Joseph Cipolla.

Não conhecia este compositor, mas já tinha ouvido meus colegas músicos falarem dele com interesse. Gostei muito de suas composições - desta e de outras que pude encontrar no Youtube. O título desta peça é "Variations for the Healing of Arinushka". Não encontrei o nome do intérprete.

Então fica aí a dica, para compositor e companhia de dança!


quarta-feira, 21 de abril de 2010

Máquinas do tempo

Não sei se um dia inventaremos máquinas para viajar no tempo. Ou se descobriremos a fórmula de nos transportarmos física e mentalmente para outros momentos vividos por nós ou perdidos na História. Ou talvez apenas a consciência possa se deslocar e visitar telepaticamente o que já passou - ou o que virá (?) ...

Sei apenas que, por enquanto, o melhor meio de revivermos o passado é através de nossos sentidos. Cheiros fazem isso. Um perfume pode trazer de volta lembranças de pessoas, lugares e eventos que estavam escondidos em nosso cérebro. A música também faz isso.

Em Araçatuba, eu não tinha rádio FM e não gostava da programação das rádios AM. Quando cheguei em POA, um dos primeiros hábitos que adquiri foi o de escutar as rádios FM e logo fiquei ligada na música pop dos anos oitenta. Até então, eu só ouvia os discos que eu tinha em casa e meus amigos se admiravam porque eu não conhecia "música popular". Minha tendência era ouvir pop estrangeiro - MPB mesmo eu só fui escutar mais tarde, depois que entrei no coral.

Naquele tempo, eu tinha ainda a mania das trilhas sonoras. Não as de verdade. Quer dizer, as de verdade também, eu ouvia muita trilha de filme. Mas refiro-me às trilhas "planejadas". É que eu gostava de ler livros ao som de um determinado disco. Ele ficava tocando e quando terminava, eu colocava de novo, e de novo, e de novo, pelo tempo em que ficasse lendo. Num instante, claro, estavam associados em minha mente e ouvir a música era lembrar da história e vice-versa.

Então, como eu ouvia os LPs à exaustão e, quando não eram os discos, era o rádio, a música daquele tempo ficou em mim. E hoje, ouvir qualquer música daquela época, qualquer uma mesmo, mesmo as que eu não gostava muito, dá aquele efeito hipnótico de estar lá de novo. Parece que posso até sentir o cheiro das coisas daquele tempo e, se me concentrar bem, posso tentar acreditar que ainda estou lá.

E não é que quando ainda estava lá, eu quisesse realmente estar, porque toda adolescente - e eu não fui exceção - está sempre preocupada com o futuro, em quando as coisas que ela quer vão acontecer e como vão acontecer. E naquele tempo eu sonhava muito com meu futuro, com tudo que eu queria pra mim, e eram sonhos bem de sonho, quer dizer, nada perfeitamente claro, tudo meio nebuloso, mais sugerido, planos feitos mais de sensações e emoções do que de fatos.

Mas hoje, agora, eu não posso negar que penso muito em estar lá de novo. Não pra mudar tudo, pois então eu não seria mais eu hoje - e gosto mais de mim hoje do que em qualquer momento anterior da minha vida. Talvez como a Peggy Sue, do filme Peggy Sue, eu apenas voltasse lá outra vez, chorasse muito ao lembrar do que já tive e não tenho mais, mas acabasse fazendo as mesmas coisas de novo, só que um pouquinho diferente. E esse pouquinho diferente faria toda a diferença. Ou não.

Não sei. Mas penso muito nisso.