domingo, 31 de outubro de 2010

Eleições


Todo povo tem o governo que merece. Esta não é uma afirmação cínica. É um fato científico. Nem tanto devido à força do inconsciente coletivo de uma sociedade, que projeta sobre seus representantes suas expectativas e temores (o que explicaria ditaduras e povos conquistados), mas pelo simples motivo de que os governantes saem de dentro da própria sociedade e carregam consigo seus defeitos e qualidades.

O cidadão comum "topa tudo por dinheiro"? O seu governante também, ora essa! Maridos e esposas juram honestidade e fidelidade nos seus relacionamentos mas traem e mentem na primeira oportunidade porque "todo mundo faz, só eu vou bancar o Zé Mané"? Pois então, seu governante também pode jurar honestidade e fidelidade (ao povo, aos princípios partidários, etc.) sem nenhuma intenção de cumprir esse juramento, porque ele também não é um Zé Mané!

Jamais me deixei seduzir por nenhuma ideologia política, talvez porque nunca acreditasse que qualquer uma delas pudesse resolver todos os problemas. Conseqüentemente, nunca me decepcionei com governos que prometeram, prometeram e não cumpriram. Nunca acreditei que cumprissem. Porque para tanto seria necessária uma liderança sólida e espiritualmente desenvolvida, convicta de seus (bons) princípios e que não se deixasse levar pelos "defeitinhos" humanos.

No geral, a raça humana não é muito diferente. O poder corrompe e enlouquece em toda parte. As diferenças de atitude é que dependem da cor local. No Brasil tudo acaba em pizza enquanto que no Japão podem cometer suicídio se forem descobertos fazendo falcatruas, mas a corrupção é a mesma. Por isso, quando Gandhi decidiu lutar pela independência da Índia sua primeira providência foi aumentar o número de horas em que praticava meditação. Ele sabia que tentariam corrompê-lo, pressionando-o para que desistisse de seus objetivos. O Mahatma precisava ser forte para não ser esmagado pelo Império Britânico - e por seu próprio povo, impaciente na espera por resultados rápidos, soluções miraculosas ou apenas fatigados, pois também sofreriam as mesmas pressões.

Ele foi bem sucedido porque:

- sabia exatamente o que queria fazer;
- sabia exatamente como o faria;
- cultivou e fortaleceu seu caráter e seus princípios;
- buscou o melhor para todos os lados;
- fez política honesta, baseada num desejo verdadeiro de melhorar as condições de vida de seu povo, sem buscar nada para si mesmo.

Quantos, hoje em dia, têm essa força?

Os valores de um povo serão os mesmos de seus líderes políticos. Nem todos temos a vocação para ser um Gandhi, embora fosse desejável. Nós, humanos, não somos perfeitos e não há quem não cometa erros. Faz parte da nossa experiência humana. Porém, antes do "cidadão indignado" sair reclamando e protestando, ele poderia dar uma olhada na sua própria "ficha" para ver se ela está mesmo "limpa". A única maneira de se construir um governo mais honesto e eficiente é cada um olhar para dentro de si mesmo e tentar viver sua vida com a maior retidão possível. Qualquer coisa menos que isso, dá nisso!




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