Passeando pela Internet me deparei com este vídeo do youtube com a "apresentação" de um coro virtual e quis conferir.
A princípio, a idéia de um coro virtual vai no contrafluxo do que eu considero interessante na música coral, ou seja, o fazer música com outras pessoas. Timbrar vozes, unificar pronúncias, equalizar naipes, a troca de informações entre cantores e regente, a comunicação do coro com o público e o retorno do público para o coro. Claro, isto vale para todo tipo de música feita por mais de um músico, naturalmente, mas minha experiência neste sentido tem vindo da música coral.
Então, como seria, um coro virtual? Um coro de solistas, literalmente. Cada cantor, sozinho, isolado acusticamente, gravando a sua parte seguindo uma regência previamente gravada, sem ouvir a harmonia resultante - apenas uma trilha guia ao piano. Um regente que rege sem ouvir o resultado final, pensando em sua partitura, mas não endereçando seu gesto para pessoas a sua frente. Elas ainda não estão ali. Ele não as vê. Não sabe como estão acompanhando, se ele precisa enfatizar mais esta ou aquela dinâmica.
No entanto, o resultado é agradável. Não é minha intenção comentar a peça ou a regência em si mesmas. Gostei de ambas sem considerá-las particularmente especiais. O que me chamou a atenção foi a novidade da proposta. Parece-me que um coro virtual é uma incursão da música coral na chamada música eletrônica. Não o samplear de vozes, que depois serão manipuladas eletronicamente para se criar uma obra musical, porque isto seria música eletrônica, mas não seria música coral, na minha opinião.
Há um coro. A sonoridade que ouvimos é vocal, mas também eletrônica. Tudo o que o coro e o regente precisam fazer ao vivo, aqui foi pré-gravado e resolvido eletronicamente. A intervenção da tecnologia no resultado das gravações profissionais de música não é nova, já se faz isto tanto na música popular como na erudita há décadas. Mas aqui, todo o processo foi virtual. Não sei se já estão fazendo este tipo de experiência há muito tempo; esta é a primeira que eu ouvi. É diferente. É um outro fazer musical. Com certeza, a resposta emocional do cantor - e do regente - é totalmente diversa. Mas é válido não? Música coral para o século XXI.
quarta-feira, 5 de maio de 2010
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